terça-feira, 3 de março de 2009

UM CORDEL PARA O SANTA

I
Foi fundado abençoado
Santa Cruz aqui chegou
Nasceu perto duma igreja
E pra vencer se forjou
Nossa força é coral
No esporte nacional
De Pernambuco brotou

II
O povo se apaixonou
Este clube das três cores
O vermelho preto e branco
Escudo dos vencedores
Santa Cruz pernambucano
O meu clube soberano
A nação dos tricolores

III
O futebol seus pendores
Tantas vezes campeão
O Santa de Givanildo
Ramon jogou um bolão
De Rivaldo de Luciano
Ricardo Rocha meu mano
São filhos desta nação

IV
O grandioso Arrudão
A jóia desta cidade
Zé do Rego Maciel
Grande estádio de verdade
Onde vimos as vitórias
Tricolores nossas glórias
Nos deram felicidade

V
Santa Cruz com hombridade
Foi penta foi vencedor
Esse penta que com raça
A demonstrar seu valor
Nossa bandeira querida
Com sua gente aguerrida
A paixão do tricolor

VI
És santinha meu amor
Minha nação com chuteira
Cobra coral combativa
Desde sua hora primeira
Enfrentando crise aguda
O Tricolor do Arruda
Na Veneza Brasileira

VII
A cobra coral guerreira
De tantos virou escola
Tantos filhos deste clube
Aqui deram show de bola
Quero ver nação unida
Com apoio da torcida
Com Coelho assim decola

VIII
Meu Santa Cruz desenrola
Vai vencer todo problema
És clube da nossa gente
És razão deste poema
Refazer as estruturas
Para as vitórias futuras
Vencer! Vencer! Nosso lema

IX
Vai meu Santa nada tema
És do povão és da massa
Das camadas populares
Vai erguer mais uma taça
Tricolor tem seu orgulho
Vai torcer fazer barulho
Pois tricolor é de raça

X
Vai meu Santa tudo passa
Voltarás a ser primeiro
O teu povo reunido
Que tem alma de guerreiro
Tua bandeira se levanta
Gritaremos pelo Santa
Grande clube brasileiro

XI
Vamos ver o Santa inteiro
Desfilando com emoção
Ver o Arruda pegar fogo
Com a nossa seleção
A torcida que merece
O Santa não arrefece
Santa é povo é pé no chão

XII
Nosso clube do povão
Aqui novamente unido
Orgulho de Pernambuco
De um povo destemido
Retomando seu caminho
Recebe nosso carinho
És meu Santa o mais querido

XIII
Obstáculo é vencido
Nesta nova trajetória
E dar a volta por cima
Tens passado tens memória
Teu caminho é o da luz
Meu querido Santa Cruz
Conta mais uma vitória

XIV
Santa Cruz com toda glória
Vem pra ser vitorioso
Na cidade do Recife
Teu escudo é valoroso
Santa Cruz clube do povo
Retoma o caminho novo
Teu passado é glorioso

XV
Um caminho luminoso
Vai ser da cobra coral
A união desta hora
Neste gesto fraternal
Vamos todos pelo Santa
Renasce se agiganta
Nesta senda triunfal

XVI
Santa Cruz és sem igual
Vibra em nosso coração
Levantando esta poeira
Trabalhar partir pra ação
Vem de volta pra brilhar
Santa Cruz é teu lugar
Na primeira divisão.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

INVENCIBILIDADE DE 45 JOGOS DO SANTA CRUZ NO ARRUDA

JOGOS:

1. 24/08/2004 - Santa Cruz 5x2 Vila Nova/MG - Campeonato Brasileiro
2. 08/09/2004 - Santa Cruz 3x1 Remo/PA - Campeonato Brasileiro
3. 25/09/2004 - Santa Cruz 2x1 Santo André/SP - Campeonato Brasileiro
4. 01/10/2004 - Santa Cruz 0x0 Brasiliense/DF - Campeonato Brasileiro
5. 12/10/2004 - Santa Cruz 3x1 Fortaleza/CE - Campeonato Brasileiro
6. 22/10/2004 - Santa Cruz 2x2 Ituano/SP - Campeonato Brasileiro
7. 23/01/2005 - Santa Cruz 2x1 Porto - Campeonato Pernambucano
8. 26/01/2005 - Santa Cruz 6x0 Manchete - Campeonato Pernambucano
9. 31/01/2005 - Santa Cruz 0x0 Sport - Campeonato Pernambucano
10. 09/02/2005 - Santa Cruz 1x0 Ypiranga - Campeonato Pernambucano
11. 12/02/2005 - Santa Cruz 4x0 Petrolina - Campeonato Pernambucano
12. 23/02/2005 - Santa Cruz 2x1 Itacuruba - Campeonato Pernambucano
13. 27/02/2005 - Santa Cruz 3x0 Serrano - Campeonato Pernambucano
14. 16/03/2005 - Santa Cruz 2x0 Guarani/SP - Copa do Brasil
15. 23/03/2005 - Santa Cruz 3x1 Vitória - Campeonato Pernambucano
16. 03/04/2005 - Santa Cruz 2x1 Náutico - Campeonato Pernambucano
17. 24/04/2005 - Santa Cruz 2x2 Paulista/SP - Campeonato Brasileiro
18. 04/05/2005 - Santa Cruz 1x0 Cruzeiro/MG - Copa do Brasil
19. 08/05/2005 - Santa Cruz 1x0 Portuguesa/SP - Campeonato Brasileiro
20. 17/05/2005 - Santa Cruz 3x1 Marília/SP - Campeonato Brasileiro
21. 04/06/2005 - Santa Cruz 0x0 Sport - Campeonato Brasileiro
22. 19/06/2005 - Santa Cruz 1x0 São Raimundo/AM - Campeonato Brasileiro
23. 26/06/2005 - Santa Cruz 3x3 Anapolina/GO - Campeonato Brasileiro
24. 08/07/2005 - Santa Cruz 1x0 Caxias/RS - Campeonato Brasileiro
25. 23/07/2005 - Santa Cruz 1x0 CRB/AL - Campeonato Brasileiro
26. 06/08/2005 - Santa Cruz 2x1 Avaí/SC - Campeonato Brasileiro
27. 16/08/2005 - Santa Cruz 1x0 Vitória/BA - Campeonato Brasileiro
28. 02/09/2005 - Santa Cruz 1x1 Ituano/SP - Campeonato Brasileiro
29. 24/09/2005 - Santa Cruz 3x0 Santo André/SP - Campeonato Brasileiro
30. 04/10/2005 - Santa Cruz 1x0 Grêmio/RS - Campeonato Brasileiro
31. 14/10/2005 - Santa Cruz 5x1 Avaí/SC - Campeonato Brasileiro
32. 29/10/2005 - Santa Cruz 1x1 Grêmio/RS - Campeonato Brasileiro
33. 13/11/2005 - Santa Cruz 1x0 Náutico - Campeonato Brasileiro
34. 26/11/2005 - Santa Cruz 2x1 Portuguesa/SP - Campeonato Brasileiro
35. 08/01/2006 - Santa Cruz 1x0 Porto - Campeonato Pernambucano
36. 15/01/2006 - Santa Cruz 2x1 Ypiranga - Campeonato Pernambucano
37. 25/01/2006 - Santa Cruz 3x0 Vitória - Campeonato Pernambucano
38. 05/02/2006 - Santa Cruz 2x0 Náutico - Campeonato Pernambucano
39. 18/02/2006 - Santa Cruz 2x1 Estudantes - Campeonato Pernambucano
40. 22/02/2006 - Santa Cruz 1x0 Vila Aurora/MT - Copa do Brasil
41. 04/03/2006 - Santa Cruz 4x0 Serrano - Campeonato Pernambucano
42. 12/03/2006 - Santa Cruz 2x0 Salgueiro - Campeonato Pernambucano
43. 15/03/2006 - Santa Cruz 2x2 Vitória/BA - Copa do Brasil
44. 26/03/2006 - Santa Cruz 1x1 Sport - Campeonato Pernambucano
45. 29/03/2006 - Santa Cruz 3x2 Central - Campeonato Pernambucano

ESTATISTICAS:

VITÓRIAS - 36
EMPATES - 10
QUEM MAIS JOGOU - Sport (3 Vezes), Náutico (3 Vezes)
QUEM MAIS EMPATOU - Sport (3 Vezes)
QUEM MAIS PERDEU - Náutico (3 Vezes)
GOLS MARCADOS - 93
GOLS CONTRA - 29
SALDO - 64

CAMPEONATO BRASILEIRO

JOGOS - 22
VITÓRIA - 15
EMPATE - 7

CAMPEONATO PERNAMBUCANO

JOGOS - 18
VITÓRIA - 16
EMPATE - 2

COPA DO BRASIL

JOGOS - 4
VITÓRIA -3
EMPATE - 1

PEDAÇOS DA HISTÓRIA TRICOLOR

NASCE UM NOVO CLUBE, SOB A PROTEÇÃO DA SANTA CRUZ

Na próxima terça-feira, dia 3 de fevereiro, o Santa Cruz Futebol Clube estará comemorando seu 95º aniversário de fundação. Quem diria que um time de futebol fundado por um grupo de adolescentes chegasse tão longe, a ponto de estar a um salto do seu centenário? Nesta e nas próximas edições, sem se tratar da história oficial, este site contará alguns episódios da saga tricolor
Segunda década do século 20. Todas as noites, um grupo de adolescentes, todos estudantes, reunia-se na calçada da igreja de Santa Cruz, no largo do mesmo nome, bairro da Boa Vista. Ali era o que hoje se chama point daquela região. Como a meninada da época, a turma do Pátio de Santa Cruz gostava de jogar futebol, esporte herdado dos ingleses, que estava muito em moda em Pernambuco. Alunos do Colégio Americano e do Salesiano, eles usavam a campina do Dérbi como local dos seus encontros futebolísticos. Não havia uma disputa propriamente dita, mas apenas o gosto para cultivar o futebol. O local onde se situa o Parque Treze de Maio, atrás da Câmara Municipal, era outro ponto de convergência dos adeptos do futebol, porém, menos freqüentado pelo grupo que fundou o Santa. A maioria residia nas ruas de Santa Cruz, Glória, Cotovelo e Mangueira.
Ao mesmo tempo em que paquerava as garotas que faziam o footing na área, a rapaziada falava sobre os assuntos do dia, notadamente os filmes que estavam em exibição nos principais cinemas do Recife. Um dia alguém deu a idéia da criação de um clube de futebol, o que foi aceito prontamente.
A proposta tomou corpo numa daquelas reuniões na calçada da igreja, entre casais de namorados e adolescentes. E assim, em 3 de fevereiro de 1914, na casa número 2 da Rua da Mangueira, hoje Leão Coroado – revolucionário pernambucano de 1817 – surgia o Santa Cruz Futebol Clube, cujo nome era uma referência ao local das reuniões que motivaram sua fundação.

PRIMEIRA REPREENSÃO

A ata de fundação, redigida pelo secretário Luiz Barbalho, tinha o seguinte teor, respeitando-se a grafia da época:
“Aos trez de fevereiro de mil novecentos e quatorze à rua da Mangueira, n}o 2, distrito de Boa Vista, pelas 19 horas reuniram-se os srs. Quintino Miranda Paes Barreto, José Luiz Vieira, José Glycério Bonfim, Abelardo Costa, Augusto Franklin Ramos, Luiz Gonzaga Barbalho Uchoa, e Augusto Dornelas Câmara para a fundação de uma sociedade de foot-ball. Proclamado presidente o sr. Augusto Ramos é pelo mesmo aceito, tendo convidado o sr. Luiz Barbalho para secretariar a mesma. O presidente expôs o fim da reunião que é a de fundação de uma sociedade esportiva que tomará por título “Santa Cruz Foot-Ball Club”, adotando como principal esporte o “foot-ball”. Sendo posta em discussão, é aprovada. O presidente comunica que vai proceder a eleição para a primeira directoria. Procedida é eleita a seguinte directoria: Presidente – sr. José Luiz Vieira; Vice-presidente – sr. Quintino Miranda Paes Barreto; 1º Secretário – sr. Luiz de Gonzaga Barbalho Uchoa; 2º Secretário e Orador – Augusto Dornelas Câmara; Tesoureiro – sr. Augusto Franklin Ramos, Director de Sports – sr. Orlando Elias dos Santos, tendo sido empossada. O secretário lê os estatutos da nova sociedade que são aprovados. Em seguida tratou-se das cores que o clube adotaria a seu pavilhão, sendo escolhidas as cores branco e preta, sendo aprovada. Tendo o sr. Alexandre Carvalho portado-se mal é repreendido pelo presidente e posto em acta um voto de censura ao mesmo. Não havendo assunto a discutir-se o sr. Presidente dá por encerrada a reunião, depois de haver marcado o dia 7 de fevereiro para nova reunião”..
Os fundadores do Santa Cruz se reuniam numa quitanda de frutas e verduras, situada na esquina das ruas da Mangueira e da Alegria. Seu proprietário não parecia gostar de futebol, mas era conhecido de toda a rapaziada, cuja idade variava entre 14 e 15 anos. O primeiro presidente, José Luiz Vieira, não estava presente à eleição da primeira diretoria, mas sua presença foi feita por aclamação. Para isso pesou o fato de ser ele, entre aquele grupo de jovens, o único a dispor de economia própria, já que trabalhava no comércio. A primeira arrecadação entre os novos sócios somou 3.500 réis, o equivalente nos dias atuais a aproximadamente a 3 reais e 50 centavos.
O Santa Cruz juntava-se, assim, a outros clubes que já existiam no Recife, como Náutico, inicialmente dedicado apenas aos esportes náuticos, remo e natação, Sport, Paulistano, Internacional, Centro Esportivo do Peres, Coligação Sportiva Recifense, Agros, Caxangá, Flamengo, Olinda, Botafogo, João de Barros, hoje América, Velox e Americano.
Eram dados os primeiros passos para a saga do hoje Tricolor do Arruda, que já entra no seu nonagésimo quinto ano de existência..

UM MURRO NA MESA E O SANTA ESCAPA DE VIRAR CALDO DE CANA

Quando o Santa Cruz ainda engatinhava, poucos meses depois de fundado, por um triz não foi desfeito. O clube necessitava de 35 mil réis, mais ou menos equivalente a 35 reais - e só tinha em caixa 6 mil.

Numa agitada reunião, um dos presentes teve uma idéia estapafúrdia: o clube seria dissolvido, sendo os 6 mil réis existentes gastos no caldo de cana elétrico, uma novidade que era a maior sensação do Recife, funcionando no Bar Constantino, na Rua da Aurora.
Alexandre Carvalho, um dos fundadores, considerou uma afronta. Deu um murro na mesa e pronunciou uma frase histórica: “O Santa Cruz nasceu e vai viver eternamente!” Logo saiu em busca de uma solução, nem que para isso o Santa tivesse que sair à rua “esmolando para missa pedida”, como era costume naquele tempo.
Em companhia de Quintino Paes Barreto foi procurar um construtor abastado, amigo de seu avô. Ao explicar a finalidade da visita obteve um não, categórico, e, em seguida, uma reprimenda: “Menino, esse jogo de bola é para estrangeiro. Para vocês existe cinema na Rua Nova. Diverte muito mais”.
Alexandre não conseguiu esconder seu desapontamento. O ricaço sentiu a angústia do rapaz Cruz, e quando ele ia se despedir, fez um ligeiro ar de riso, puxou-o para um canto da sala e indagou: “Cem mil réis dão pra vocês começarem?”
Não precisa dizer que os dois rapazes ficaram estupefatos. O aperto coral desapareceria com apenas 29 mil réis, já que havia necessidade de 35 mil (existiam 6 mil em caixa) para a aquisição de material esportivo. Como nunca tinham visto uma cédula de cem mil réis, arregalaram os olhos quando receberam a nota novinha em folha. Era a primeira grande doação feita ao Santinha.
Uma condição apresentada pelo empresário era que o fato ficasse em sigilo. E ficou. Só em 1967, quando o Santa festejava o 53º aniversário de fundação, seu nome foi revelado. Era Francisco Maciel, o primeiro membro de uma ilustre família que forneceu vários colaboradores ao Tricolor.
Espanto geral entre os demais garotos com o tamanho da oferta. O clube adquiriu o material de que necessitava e ainda ficou com uma boa reserva. E o cara que queria transformar o Santa em caldo de cana meteu a cara no chão, envergonhado que estava, com sua descabida sugestão.

TIME DO PÁTIO DE SANTA CRUZ COMEÇA ARRASANDO

Uma goleada de 7 x 0 marcou a estréia do Santa Cruz no cenário futebolístico pernambucano. Já havia muitas equipes espalhadas pelo Recife. O mais tarde tricolor e ainda alvinegro era o mais novo entre tantos clubes que movimentavam o Recife, numa época que, ao contrário de hoje, havia poucas opções para a meninada se divertir.
Antes do primeiro compromisso saldado pelo Santa criou-se entre seus integrantes um clima de extrema expectativa. Todos queriam participar do jogo que entraria para a história. Aliás, o fato histórico era o que menos preocupava naquele momento. Ninguém atinava para isso. O que aquela turma queria mesmo era estar presente ao jogo.
A partida foi disputada no Derby. O campo situava-se entre o mercado, do grande homem de negócios Delmiro Gouveia, que mais tarde cedeu o lugar ao quartel da Polícia Militar, e a ponta que dá para a antiga Rua 4 de Outubro, que liga a Praça do Derby à Avenida Conde da Boa Vista.
O Rio Negro, primeiro adversário do Santa Cruz, não suportou o entusiasmo da equipe estreante, que contava com um jogador diferenciado. Era Carlos Machado. Ele arrasou com o time adversário, fazendo cinco gols. No fim do jogo comemorava-se a estréia auspiciosa do time dos meninos do Largo de Santa Cruz: 7 x 0 sobre o já tarimbado Rio Negro. Abraços, elogios recíprocos e a pressa que cada um dos jogadores tinha em voltar para o local onde se originara o clube a fim de levar a boa nova. O boca a boca era a única maneira de fazer a notícia se espalhar.
Enquanto a garotada do Santa Cruz festejava, o pessoal do Rio Negro ruminava amargamente o fracasso. Aquela derrota para um clube cujo nome ninguém sequer sabia, tornou-se um pesadelo. O Rio Negro resolveu pedir uma revanche. Todavia, impôs duas condições: o novo jogo seria realizado no seu campo, na Rua do Sebo, hoje Barão de São Borja, e o Santa Cruz não escalaria Carlos Machado. A primeira proposta era normal, porém a segunda espantou os dirigentes e jogadores santacruzenses. Mesmo assim, a pretensão do adversário, embora tendo sido considerada absurda, foi aceita pela diretoria do Santa.
Para os jogadores do Rio Negro, a ausência daquele homem, que tinha feito o diabo com sua equipe, seria o caminho da reabilitação. Era preciso apagar aquela péssima impressão deixada no Derby.
O Santa Cruz respeitou fielmente o acordo. Chegou a campo na hora prevista e, logicamente, embora agindo com discrição, o pessoal do Rio Negro teve o cuidado de conferir se Carlos Machado estava entre os que iriam jogar. Todos ficaram tranqüilos ao verificar que o jogador perigoso do adversário realmente não entraria em ação.
Não sabiam os anfitriões que os visitantes tinham levado outro atacante que substituiria com todas as honras o fantástico Carlos Machado. Era Carlindo Cruz, encarregado de assinalar os gols que o outro não poderia marcar.
Encerrado o jogo, os defensores do Rio Negro mostravam-se estarrecidos. Estupefatos e incrédulos, eles tinham levado outra sova do Santa, por um placar mais elástico até: 9 x 0. Carlindo Cruz, o substituto do “barrado” Carlos Machado, fez seis.
Daí para frente, o Santa Cruz foi somando vitórias. As vítimas dos meninos da Boa Vista iam se sucedendo: 15 de Novembro, Varzeano, Casa Forte, Torre, João de Barros, hoje América, e muitos outros que apareceram em seu caminho.
A projeção alcançada pelo novo clube foi tamanha que as equipes se organizavam no Recife com o propósito de acabar com a sua invencibilidade, que já se tornava um incômodo.
Colecionando vitórias, o Santa Cruz ia espalhando seu nome pelos quatro cantos da cidade e conquistava novos integrantes para seu quadro social.

DIRETORES ESCOLHEM O DERBY COMO LOCAL DOS TREINOS

A primeira reunião da diretoria do Santa Cruz após a fundação realizou-se no dia 7 de fevereiro de 1914, portanto, quatro dias depois de o clube ter sido fundado. O principal assunto em debate foi o local onde seria realizado o primeiro treino. Várias propostas foram apresentadas, tendo sido escolhido um campo existente na antiga campina do Derby, onde, aliás, o time do Pátio de Santa Cruz enfrentaria o Rio Negro, um time já experiente, tendo vencido a primeira partida e a revanche solicitada pelo adversário.
Os diretores santa-cruzenses voltaram a se reunir no dia 11, quando, por proposta de José Glycério Bonfim, o Sr. Sylvio Machado foi aceito no clube, tornando-se assim o primeiro sócio inscrito no Santa Cruz, depois da fundação.
Naquela época não havia treinadores, e o time era escalado pela diretoria. No livro de atas consta que no dia 2 de março, em reunião realizada na Rua da Glória, 101, foi escalado o seguinte quadro para “o próximo desafio com o Rio Negro Foot-Ball Clube”: Goal – Waldemar Monteiro; Becks – Abelardo Costa e Humberto Barreto; Halfs – Raimundo Diniz, Osvaldo Ramos e José Bonfim; Forwards – Quintino Miranda, Sylvio Machado, José Vieira, Augusto Ramos e Osvaldo Ferreira.
Dois dias depois, o tesoureiro apresentou uma receita de 19 mil réis, contra uma despesa de 13 mil, ficando um saldo de 6 mil réis, insuficiente para a aquisição de uma bola para o jogo com o Rio Negro. Houve a proposta de um empréstimo – o primeiro feito pelo tricolor – oferecendo-se o Sr. Raimundo Diniz para efetuá-lo, no que foi aceito. Noutra reunião – a seguinte – foi feita a comunicação, pelo tesoureiro, de que a situação financeira não permitia ao clube comprar as camisas do uniforme determinado pelos estatutos, razão pela qual cada associado deveria adquirir a sua.

NOVA DIRETORIA

A 31 de janeiro de 1915, reuniu-se a Assembléia Geral, em caráter extraordinário, com o objetivo de eleger a segunda diretoria do clube, para o período 1915/16, ficando a mesma assim constituída: presidente, Quintino de Miranda; vice-presidente, Teófilo de Carvalho; 1º secretário, Augusto Câmara; 2º secretário, Almir Pires Ferreira; orador, Augusto Ramos; tesoureiro, Sylvio Machado; diretor de esportes, Ilo Just; vice-diretor de esportes, Alcindo Wanderley.
Ainda nessa reunião, foi fixado o uniforme oficial do Santa: camisa branca, sem colarinho, e o monograma do clube, acima do peito esquerdo, calção branco com listas pretas.
Em abril, precisamente no dia 25, foi apresentado o balancete de junho a outubro de 1914, com receita de 34 mil réis e despesa de 33 mil..
Outra reunião importante realizou-se a 13 de maio, quando a jóia do clube foi elevada para 2 mil réis. Na ocasião, foi lido o convite para o Santa Cruz participar da fundação da futura Liga Sportiva Pernambucana. Ficou decidido que alguns diretores acompanhariam os trabalhos de criação da nova entidade, enquanto os srs. Gaspar Carvalho, Alberto Campos e Augusto Câmara eram designados para proceder aos estudos, visando à reforma dos estatutos.

NOVOS TEMPOS

O Santa Cruz já procurava se atualizar a fim de ficar enquadrado na nova dinâmica que seria dada ao futebol pernambucano, com o advento da Liga. A reforma dos estatutos viria a ser aprovada a 15 de agosto, numa reunião em que, pela primeira vez, foi dado perdão aos sócios em atraso. Houve uma proposta do Sr. S. Bertini para que fosse alugada uma casa destinada à sede da agremiação. Sua pretensão foi rejeitada “porque o clube não estava em condições de assumir tamanha responsabilidade”.
A terceira diretoria do Santa Cruz foi eleita numa Assembléia Geral realizada no número 1 da Estrada João de Barros, e ficou assim composta: presidente, Augusto Ramos; vice-presidente, Sigismundo Braga; 1º secretário, Augusto Câmara (reeleito); 2º secretário, Eugênio Rodrigues; orador, Braz Croocia; tesoureiro, Teófilo de Carvalho; diretor de esportes, Alcindo Wanderley; vice-diretor de esportes, Américo Dória.
Durante os trabalhos foi lançado um voto de louvor ao Sr. Alcindo Wanderley pelo seu trabalho em prol do ressurgimento do clube.
Uma sala, no prédio 140 da Rua da Glória, alugada por 40 mil reis, foi a primeira sede do Santa Cruz. Em razão do compromisso assumido, o clube aumentou a mensalidade para 2 mil reis e a jóia para 3 mil, reis.
Está registrada, também, no livro de atas, a primeira grande doação em material, feita ao Santa Cruz: 85 metros de fazenda, com as cores do clube, oferta do coronel Frederico Lundgren.

O NEGRO LACRAIA AJUDOU O SANTA CRUZ A POPULARIZAR-SE

Naqueles primeiros tempos do Clube das Multidões, Lacraia um jovem elegante, tornou-se numa figura exponencial no Santa. Sua presença na equipe despertava a atenção e era uma espécie de chamariz para que o clube ganhasse muitos adeptos nas camadas menos favorecidas da população. É verdade que Lacraia pertencia a uma família tradicional do Recife. Filho de médico, tinha o respeito de todos. Entretanto, o que mais impressionava os adeptos do futebol era sua presença, como centromédio, no time do Santa, numa época em que o futebol era praticado por gente branca, pois tinha sido introduzido no País por ingleses ou por pessoas, geralmente de pele clara, que haviam estudado na Inglaterra.
O nome desse baluarte dos primeiros passos do Santa Cruz não consta na ata de fundação, embora ele tinha insistido para assiná-la. Não obteve o consentimento do presidente José Luiz Vieira. Tinha participado de todos os movimentos que antecederam o surgimento do novo clube, mas não compareceu à histórica reunião de 3 de fevereiro de 1914 porque estava a braços com os livros, preparando-se para o vestibular de engenharia. No dia seguinte ao da fundação tentou assinar a ata, todavia, o austero presidente não permitiu.
Até 1920 ficou diretamente ligado ao clube, tendo formado uma intermediária que se tornou famosa: Zé de Castro, o popular Lua Cheia, Lacraia e Manuel Pedro, também conhecido como Professor porque ensinava futebol aos portugueses que militavam no Clube Esportivo Almirante Barrozo.
Foi Lacraia quem desenhou o escudo do Santa Cruz, depois que este já era tricolor, o mesmo escudo que ainda hoje simboliza a pujança e a grandeza de um clube que tem enfrentado inúmeras crises, através dos anos, mas que tem sabido superá-las.
A idéia do escudo nasceu numa ocasião em que um amigo do pai de Lacraia, o velho Ramiro Costa, proprietário da secular livraria que levava seu nome, perguntou ao centromédio, se ele não estava interessado em mandar confeccionar uns escudos para o Santa Cruz. Sentindo que o clube precisava de um distintivo que identificasse seus diretores e simpatizantes, não hesitou em responder favoravelmente. Ele mesmo elaborou o desenho, e a encomenda seguiu para os Estados Unidos, pois naquele tempo, tanto no Rio como em São Paulo não haveria facilidades para fazê-los. No Recife nem se fala.
Quando algum tempo depois, Lacraia foi informado da chegada dos escudos, a notícia estava acompanhada da conta, cinco contos de reis. Apenas para tomar o real como parâmetro, digamos, cinco mil reais. Àquela altura, o presidente era Álvaro Ramos Leal, mais tarde médico, pai do também médico e dirigente do clube em meados do século passado, Nilson Ramos Leal. Álvaro seria também avô do ponta-direita Carlinhos (Ramos Leal), de vitoriosa passagem pelo Santa – ainda defendeu o América e o Sport.
Quando foi cientificado do compromisso que teria que ser saldado com Ramiro Costa, Álvaro deixou seu companheiro assustado ao dizer que o assunto seria levado à apreciação da diretoria. Se esta não aprovasse, nada feito. Lacraia que pagasse do seu bolso, uma vez que o clube nada tinha encomendado.
Sem dinheiro para saldar um débito tão alto, o centromédio ficou apreensivo. Porém, para sua tranqüilidade, os demais diretores acharam lindos os escudos, que podiam ser usados no chapéu – um dos costumes da época – com os menores sendo presos à lapela e à gravata. E o Santa pagou a conta.

DIANTE DO AMÉRICA, A PRIMEIRA GRANDE VIRADA DO SANTA

Uma vitória nos primeiros tempos do time fundado no Pátio de Santa Cruz, que entrou para a história, foi conquistada diante do América, na época, a maior força do futebol pernambucano. O jogo despertou muita atenção porque marcava a estréia, na equipe americana, do centroavante Zé Tasso. Este defendia o Santa Cruz, mas se transferiu para o Alviverde, atendendo ao convite de um irmão, uma vez que o América era o clube da paixão da família Tasso.
Aquele encontro, portanto, era aguardado com muita expectativa, e os jogadores do Santa não viam a hora de dar uma lição no “desertor”. Todos queriam mostrar, embora permanecessem seu amigo, que o Tricolor não se acabara por causa de sua saída, embora sentisse o desfalque.
No dia do jogo, o campo fervilhava de torcedores, já que todos desejavam ver Zé Tasso enfrentando os ex-companheiros. Os adeptos do Santa queriam acompanhar de perto a resposta de seus craques a Zé Tasso.
Iniciou-se o encontro. Zé Tasso era seriamente vigiado, mas com o passar do tempo, o América passou a mandar em campo, fazendo a defesa santa-cruzense desmoronar-se.Ao encerrar-se o primeiro tempo, o América vencia por 4 x 1, resultado que provocou um grande desânimo entre os aficionados tricolores. Enquanto isso, a torcida do América festejava.
No segundo tempo, uma tragédia parecia esboçar-se no caminho do Santa, depois que os alviverdes assinalaram seu quinto gol. O placar desfavorável de 5 x 1 era simplesmente vergonhoso para o Santa. E o atacante Zé Tasso como se comportava, agora que estava do outro lado? Simplesmente fenomenal, uma vez que havia marcado quatro dos cinco gols dos americanos. Poderia haver uma estréia melhor?
Faltavam 20 minutos para o jogo terminar, e muito torcedor tricolor já deixava o campo, levando para casa decepção e a frustração, bem como a lamentação pelo fato de Zé Tasso estar agora reforçando um adversário.
Ainda não havia a figura do treinador, e com a tragédia mais do que anunciada, o capitão do time, Lacraia – Teófilo Batista de Carvalho – chamou a responsabilidade para si. Mandou que Pitota, o “Pelé” do Santa fosse para a ponta direita a fim de fugir da implacável marcação dos zagueiros do América.
Numa época em que não se falava em esquema tático formal, a mudança feita por Lacraia surtiu efeito. O Santa Cruz começou a forçar o jogo e, quando faltavam 15 minutos para o término da partida houve uma penalidade máxima cometida pelo zagueiro Manta. A missão de transformar o pênalti em gol foi dada a Pitota, possuidor de um tiro notável. Apesar da larga vantagem do América, aquele tento, que todos esperavam fosse conquistado, poderia determinar um novo andamento na partida.
Os deuses do futebol pareciam estar do lado contrário naquele dia. Pelo menos foi essa a impressão que ficou quando Pitota, um exímio finalizador, carimbou o travessão da barra guarnecida por Pedro Tasso irmão de Zé Tasso.
A perda do pênalti, em vez de provocar desânimo entre os jogadores do Santa, teve efeito contrário. Dois minutos depois da inditosa jogada, Pitota fazia o segundo gol do Santa. Em seguida Tiano, o mais tarde catedrático de medicina e senador Martiniano Fernandes, substituto de Zé Tasso na equipe tricolor, aproveitava um cruzamento de Pitota para assinalar o terceiro tento dos corais.
A essa altura, o Santa Cruz já havia botado o América no quadrado. As investidas dos companheiros de Lacraia sucediam-se num ritmo incessante. Pitota continuava centrando, e os gols saindo. Placar final, Santa Cruz 7, América 5. Sem dúvida, uma virada fantástica, que durante muito tempo foi assunto nas rodas esportivas da cidade.

FOTOS - 1961 até 1969


Juvenil 1965 - Em pé: Rivaldo, Naércio, Daniel, Fernando, L. Veloso e Valdi;
Agachados: Joel, Zequinha, Paulo Veloso, Santana e Nivaldo.




1967 - Em pé: Válter, Agra, Reginaldo, Norberto, Carlos e Jório;
Agachados: Sílvio, Uriel, Manoel, Terto e Nivaldo


1968 - Em pé: Naércio, Rivaldo, Zito, Birunga, Zé Júlio e Vilanova;
Agachados: Cuíca, Santana, Norberto, Luciano e Givanildo
1969


1969

Vídeo 001 - Santa Cruz 13x0 Íbis - 1976

FOTOS - 1951 até 1960

1955

1957


1957

1957

1957


1957


1959


1959


1959

sexta-feira, 28 de novembro de 2008